Para fazer parte do índice, é preciso atender aos critérios de elegibilidade: ter ao menos um membro dos grupos sub-representados no conselho de administração e um membro na diretoria estatutária.
Depois, é preciso ter a nota maior ou igual à média do setor, considerando a presença de mulheres, pretos e pardos, ou indígenas; menos um desvio padrão do setor, explica a B3. O score diversidade serve para comparar a performance da empresa com o setor. Por exemplo, bancos são comparados com bancos. E, a partir dessa ponderação, é avaliado o momento da empresa frente aos dados demográficos. A intenção é colocar o setor inteiro sob a ótica das estatísticas demográficas para que se verifique o ritmo de evolução de uma determinada companhia frente às concorrentes.
Para ser elegível, a empresa precisa, ainda, apresentar liquidez em bolsa. É preciso que a frequência de negociabilidade seja maior do que 99%, que a empresa tenha participado de 95% dos pregões e não seja penny stock, como são chamadas as ações negociadas a valores menores do que R$ 1.
O índice é considerado de retorno total, com reinvestimento na própria carteira. Mais informações podem ser obtidas no link.
Carteira Idiversa agosto/setembro por setores
Mulheres e pessoas negras seguem distantes dos cargos de liderança
Na última semana, ou seja, antes do lançamento do índice, a B3 divulgou alguns dados que demonstram o quanto mulheres e pessoas negras seguem distantes dos cargos de alta liderança das empresas de capital aberto.
De cada 100 empresas com ações negociadas em bolsa no Brasil, 55 não têm mulheres em cargos de diretoria estatutária, e 36 não têm participação feminina entre os conselheiros de administração. Em relação a cor e raça, a proporção de companhias com ao menos uma pessoa negra (preta ou parda) em um desses órgãos não passa de 11%.
Esses dados estão no terceiro estudo “Mulheres em Ações”, feito pela B3, a bolsa do Brasil, a partir de informações prestadas pelas companhias em documentos públicos. O mapeamento foi feito com os dados de 343 empresas listadas em quatro segmentos de listagem: Básico, Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado, que entregaram seus Formulários de Referência até o último dia 20 de junho. O retrato mostrado pela análise desses documentos, em relação a gênero, é o seguinte:
- 55% não têm mulheres entre seus diretores estatutários (no estudo de 2022, esse percentual era de 61%);
- 36% não têm mulheres no conselho de administração (em 2022, esse percentual era de 37%);
- 29% têm apenas uma mulher na diretoria estatutária (eram 26% em 2022);
- 39% têm uma mulher entre os conselheiros de administração (em 2022, esse percentual era de 38%);
- 7% têm três ou mais mulheres entre os diretores estatutários (eram 6% de 2022);
- 7% têm três ou mais mulheres como conselheiras de administração (em 2022, eram 8%).
Os números indicam uma evolução na participação feminina na diretoria estatutária, mas o quadro geral ainda é distante do ideal.
Na avaliação dos dados raciais, das 343 companhias analisadas no levantamento, 305 (88,9%) declararam não ter nenhuma pessoa parda na diretoria estatuária, e 311 (90,7%) não têm nenhuma pessoa parda no conselho. E apenas quatro empresas (1,1%) disseram contar com três ou mais pessoas pardas na diretoria estatuária, mesmo número registrado nos conselhos de administração.
A participação de pessoas pretas na alta liderança é ainda menor: elas não ocupam cargos de diretoria estatutária em 337 (98,2%) das 343 companhias e não estão nos conselhos de administração de 328 empresas (95,6%). Nenhuma empresa tem duas ou mais pessoas pretas na diretoria estatutária, e seis (1,7%) têm apenas uma pessoa autodeclarada preta nesse órgão. Em relação aos conselhos, eles contam com uma única pessoa preta em 13 companhias (3,8%). Empresas com dois (uma companhia) e com três ou mais (também uma companhia) conselheiros de administração pretos são casos isolados.