“Quando temos o apoio de alguém e somos fiéis ao nosso caráter, tudo se torna mais fácil e leve. Ser uma mulher lésbica não deveria ser um ponto de destaque da minha vida. Deveria ser apenas mais um detalhe, uma nuance de quem eu sou”, afirma Erilania Ferreira, de 43 anos. A mulher, que hoje é subgerente de uma unidade do Assaí Atacadista em Belém, conta que teve uma longa jornada de desafios até chegar na atual fase de sua vida.
No colegial, ainda aos 18 anos, a pedagoga entendeu que tinha interesse por mulheres e isso mudou a sua vida. “Tendo uma família grande e com muitas irmãs, eu era um modelo. A família e os pais sempre têm aquele sonho ideal pra vida dos filhos e isso mudou pra eles quando eu entendi quem eu era”, ela explica. Isso causou alguns problemas em casa para ela, principalmente com sua mãe.
A juventude de Erilania se passou na década de 1990, onde as pautas da comunidade LGBTQIA+ e relacionamentos homoafetivos eram vistos como um tabu. Após uma conversa com sua mãe, que foi intermediada também por uma irmã, Erilania passou a viver de forma mais tranquila consigo mesma e seus familiares. Mas ao mesmo tempo, ela lutava para conseguir sua independência e desenvolver sua carreira.
Começando como balconista em uma rede varejista, Erilania buscou aprender e aperfeiçoar seus conhecimentos. Em 2004, teve a ajuda da rede para fazer uma graduação. Após a conquista deste sonho, ela cresceu e se desenvolveu no Departamento de Prevenção e Vendas. Em sua trajetória, passou também por merchandising, operações e finalmente chegou à subgerência do Assaí, na unidade localizada na Mário Covas.
“Eu sempre sonhei em ter minha estabilidade e ter um trabalho onde eu pudesse crescer. Hoje, estar no Assaí é uma vitória que consegui com os resultados do meu sacrifício e com a minha ética, mantendo os meus valores e minhas crenças em um mundo que não me define por minha orientação sexual”, ressalta. “É muito bom ser enxergada como um ser humano comum e ter pessoas que acreditam no meu potencial.”
A inclusão e o apoio à diversidade são alguns dos pilares norteadores do Assaí. A empresa, que hoje tem destaque no mercado nacional, anunciou a sua adesão ao Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. Simultaneamente, a rede de atacarejo também firmou parcerias com a TransEmprego, a fim de contribuir para o desenvolvimento profissional de pessoas trans e inseri-las no mercado.
Recentemente, a companhia também apoiou a Feira Diversa, evento que conecta estudantes e jovens profissionais da comunidade LGBTQIA+ com empresas que desejam formar times ainda mais diversos. Tais medidas são algumas estratégias adotadas pela companhia para criar um ambiente de trabalho seguro e saudável para a comunidade trans.
No mês de celebração do Orgulho LGBTQIA+, Erilania ressalta a importância da luta por direitos da comunidade e ainda sobre ter resiliência em uma sociedade conservadora. “Nunca tenha medo de ser diferente. Nunca deixe ninguém limitar você. O limite para crescer é infinito, desde que você tenha fé em si”, finaliza.
Fonte: Rede Pará
