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Assaí é listado na Bolsa e abre oportunidades para investidores

01 mar 2021

O mercado acionário brasileiro nunca esteve tão em evidência. Com juros baixos e a volta de estrangeiros para a Bolsa de Valores, a B3 contabilizou só nos primeiros 45 dias deste ano 13 empresas fazendo a abertura de capital. O volume movimentado no período atingiu a marca de R$ 33 bilhões.

A partir do dia 1º de março, os investidores terão mais uma opção de investimento com o Assaí Atacadista listado na Bolsa brasileira. Após a cisão com o GPA (antigo controlador da companhia), a empresa de atacado de autosserviço, que é a segunda maior do setor de comércio alimentar e a décima maior empregadora privada do País, operará de forma ainda mais autônoma, focada em seu modelo de negócio e nas oportunidades próprias de mercado. A partir do dia 8 de março, a companhia estará listada também na Bolsa de Valores de Nova York, com a emissão de certificados de ADR (recibo de ação negociado nos Estados Unidos).

De acordo com Belmiro Gomes, CEO do Assaí, a companhia foi crescendo e ficando até maior que o GPA em termos de faturamento e resultado; então, a visão do grupo foi de que precisava fazer essa separação do ativo em Bolsa para conseguir capturar valor. “Com a cisão, quem quer atacarejo compra ação do Assaí e quem quer comprar varejo compra do GPA. Isso deve destravar um valor importante dado o ritmo intenso de crescimento do Assaí”, disse em live realizada dia 24 de fevereiro e já disponível nos canais do Estadão.

Os resultados da empresa, de fato, impressionam. No último trimestre do ano passado, o Assaí teve lucro líquido de R$ 299 milhões, alta de 31% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Para se ter uma ideia, o Assaí saiu de um faturamento de R$ 3 bilhões no fim de 2010 para atingir R$ 39 bilhões em 2020.

A característica de preço mais baixo praticado pela empresa contribui para o Assaí apresentar expansão anual. “O atacarejo é o canal de maior participação de abastecimento alimentar dos lares brasileiros e está presente em 62% dos domicílios. O Assaí é um dos players que mais crescem, com expansão entre 28% e 30% anualmente”, afirma Gomes.

Entrada na Bolsa não é IPO
De acordo com o executivo, não haverá mudanças para fornecedores e funcionários, porque o GPA e o Assaí já operavam separadamente. O que muda é para o mercado financeiro. A partir do dia 1º de março os investidores poderão comprar a ação específica do Assaí. Uma boa notícia é que quem tinha papéis do GPA até a última sexta-feira (26 de fevereiro) ganhou automaticamente uma ação do Assaí. “E, a partir de março, você passa a ter dois ativos na Bolsa”, explica Belmiro.

Vale destacar que não se trata de um IPO (oferta pública de ações), que ocorre quando há uma oferta primária ou secundária de ações, injetando recursos no caixa da companhia. “Neste caso, o motivador é que entendemos que esse ativo, que é o Assaí, debaixo da ação do GPA, não estava precificado da forma correta. É uma avaliação que o mercado como um todo tem corroborado dentro dessa visão. Ao fazer essa separação, não tem uma emissão nova de ação, não tem uma entrada de caixa da companhia”, reafirma o CEO.

O valor isolado da ação do Assaí e do GPA vai depender do que será precificado pelo mercado. A ação hoje está em torno de R$ 89. A companhia tem valor de mercado de R$ 23 bilhões na Bolsa, e a expectativa é que só o Assaí tenha algo semelhante.

A empresa tem 184 lojas e presença em 22 estados e no Distrito Federal. Nos últimos cinco anos, foram inauguradas, em média, 18 unidades por ano. Para 2021, serão mais 28, e a expectativa é abrir 25 unidades por ano até 2023.

Pandemia moldou novo perfil de consumidor
Com os novos hábitos por conta da covid, a pessoa jurídica (restaurantes, lojas, escolas, entre outros) dividiu mais o espaço do Assaí com a pessoa física, que aumentou o consumo de alimentos em casa. “Houve uma diminuição da frequência, mas um aumento do tíquete médio.” O auxílio emergencial foi grande aliado neste processo. Trabalhadores informais, que costumavam fazer pequenas compras, puderam optar pela abastecedora e descobriram que a economia em um atacarejo pode chegar a 15% na comparação com o varejo tradicional.

Além disso, aumentou a participação das classes A e B, sendo que 32% das vendas são para este público – uma estratégia que reflete a mudança que vem ocorrendo nos últimos anos. As novas lojas, dos últimos seis anos, trazem uma melhor experiência de compra. O fato é que, com a escala, foi possível manter o preço baixo e realizar mais investimento em iluminação, quantidade de colaboradores, nível de refrigeração, localização, entre outros itens, que tornaram as lojas mais atraentes para os diversos públicos consumidores.

Fonte: Estadão